Com a alta dos alimentos, consumidores brasileiros viram produtos básicos do dia a dia, como café e ovo, ficarem mais caros.
No acumulado de 2024, o grupo de alimentos e bebidas foi o que registrou maior alta, de 7,7%. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que os preços desses produtos aumentaram pelo quinto mês seguido em janeiro. Para especialistas, a tendência é de que os valores continuem altos, especialmente, para itens como carne, azeite e frango. Além do cenário exterior, mudanças climáticas são as principais responsáveis pelo índice.
Nesta quinta-feira (20), o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou que a população já pode encontrar alimentos mais baratos, porém, nas palavras dele, os preços precisam cair “ainda mais”. A inflação oficial de janeiro ficou em 0,16%, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor). No entanto, analistas entendem o cenário inflacionário como algo momentâneo, uma vez que o resultado foi puxado, principalmente, pelo bônus de comercialização da Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional.
Mesmo com a desaceleração da inflação geral, os preços dos alimentos seguem altos. Especialistas explicam que isso acontece porque a alimentação tem seus próprios fatores de pressão, como o clima, que afeta a safra de diversos produtos, e os custos de produção e transporte. Além disso, a demanda por alguns alimentos segue forte, o que mantém os preços elevados.
No caso do café arábico, por exemplo, o item sofreu um aumento de 188% nos últimos 10 anos, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), ligado à Universidade de São Paulo. Os valores são referentes ao preço em real à vista entre os anos de 2015 e 2024.
Clima e cenário internacional
Insumos como milho e soja, assim como os ovos, têm mais chance de subir de preço. O frango também tende a ficar mais caro, pois o custo da ração tem impacto direto no preço final da carne. Além disso, frutas, verduras e legumes também podem sofrer aumentos, principalmente em razão de eventos climáticos extremos, como secas prolongadas ou chuvas intensas, que comprometem as safras.
Para o especialista em comércio internacional da BMJ Consultores, Guilherme Gomes, a tendência é de que os preços continuem elevados pelos próximos meses, principalmente devido ao cenário de incerteza no exterior causada por ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Tentativas do governo
Nessa quinta-feira (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou os preços dos alimentos no país e voltou a dizer que o governo federal vai baratear os produtos. No entanto, o chefe do Executivo ainda não apresentou nenhuma medida efetiva para conter a alta, que afeta principalmente o orçamento das famílias mais pobres.





