Há mais de quatro anos, o deficiente visual Rafael Santos de Souza de 35 anos, morador de Francisco Morato vende balas no semáforo. Quem passa de carro, moto ou ônibus no cruzamento depois do viaduto, entre a Rua das Camélias e Rua Antônio Soriano Dias já deve ter reparado no trabalho dele.
Rafael fica rodeando o canteiro central da rua, bem ao lado onde os carros param aguardando o sinal abrir. Com o seu bastão bengala ele se guia pelo local, e se orienta também pelo som, sabendo quando os carros estão parados.
Rafael já nasceu com um problema em sua visão que se agravou no decorrer dos anos, e hoje é totalmente cego. Ele é casado e tem três filhos, recebendo um auxílio do governo que não é suficiente para sustentar sua família.
” Isso tem me ajudado muito. As pessoas graças a Deus são solidárias comigo e compram as balas”, disse Rafael ao Cidade Repórter, que vende as balas em um saquinho por R$1,00 cada. Por dia, ele consegue arrecadar de R$50,00 a R$70,00.
Rafael contou que ao longo da sua vida já trabalhou de algumas coisas, como mecânico de bicicleta e locutor. Porém as oportunidades ficaram difíceis, além do preconceito por conta de sua deficiência.
“Eles (empresas) não querem contratar um deficiente visual, eles preferem alguém que tenha uma deficiência no braço ou na perna. Infelizmente existe esse preconceito para nós cegos.”
Mesmo com as dificuldades e sua deficiência, Rafael nunca pediu esmola pra ninguém. “Isso eu não concordo. Pra mim é gratificante poder vender bala no semáforo, assim eu não me sinto um 100% excluído da sociedade.”
Mas sempre há esperança, e para Rafael ele sempre busca e corre atrás de oportunidades melhores. “Pro futuro eu só quero coisas boas, se Deus quiser”.