A Justiça de Mairiporã, na Grande São Paulo, revogou nesta terça-feira (5) a prisão temporária do operador de máquinas Henrique Moreira Lelis, de 34 anos, após comprovação de que ele estava a 400 km do local do confronto entre torcidas organizadas. Lelis havia sido acusado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de participar de uma emboscada contra torcedores do Cruzeiro, ocorrida em 27 de outubro, que resultou na morte do motoboy José Victor Miranda, de 30 anos.
A revogação veio após a defesa de Lelis apresentar documentos à delegacia responsável pela investigação, incluindo cartões de embarque e um relatório de uma empresa de táxi, que mostram que ele estava no Rio de Janeiro na data e horário da briga, ocorrida na rodovia Fernão Dias, em Mairiporã.
Além disso, o celular de Lelis foi apresentado, com dados que confirmam sua localização no Rio. Com as provas, o Ministério Público, que antes apoiava a prisão, recomendou a revogação, e o juiz determinou que o palmeirense mantenha seu endereço e telefone atualizados.
Erro de reconhecimento facial e defesa
A defesa argumenta que Lelis foi injustamente identificado entre os envolvidos por um possível erro de reconhecimento facial, sendo o único homem negro entre os oito suspeitos da Mancha Alviverde que tiveram a prisão temporária decretada. No entanto, a Secretaria de Segurança Pública nega o uso de reconhecimento facial na identificação de Lelis e afirma que a prisão foi baseada em investigações conduzidas pela Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade).
O advogado de Lelis, Arlei da Costa, explicou que seu cliente mora no Rio desde 2012 e estava em Goiânia a trabalho, retornando ao Rio no sábado (26), um dia antes do incidente. Documentos e o trajeto registrado pelo táxi reforçam que ele desembarcou no aeroporto Santos Dumont por volta das 22h45, chegando em casa antes da meia-noite. Costa ressaltou que a distância de 425 km entre sua residência e o local da briga impossibilitaria que ele estivesse presente.
“Juntamos provas claras de que ele não poderia estar no local dos fatos e vamos entregar o celular dele para análise. A lógica comprova sua inocência”, concluiu Costa.