Epidemia de sífilis. Essa é a situação que o país vive em relação a uma das doenças sexualmente transmissíveis que pode levar a morte caso não seja tratada.
Em Franco da Rocha, o aumento de bebês contaminados (sífilis congênita) em 6 anos, foi de 2.200%. De apenas um caso registrado em 2010, foram 22 apontamentos em 2016. Em adultos, o aumento no período foi de 1175% – de 8 para 94 casos – e em gestantes, o crescimento foi de 350% – de 4 para 14 casos.
O desabastecimento do antibiótico penicilina no país entre 2014 e 2016 foi o principal motivo do crescimento de infectados, segundo dados do Ministério da Saúde (MS). No ano passado, os números tiveram uma pequena queda em Franco – no país também – e os registros de 2018 ainda não foram contabilizados.
No Brasil o maior registro está entre adultos: foram 3.822 casos em 2010 para 87.593 registros em 2016. Em percentual, o crescimento foi de mais de 2.000% de acordo com os dados do MS.
O que é
A sífilis é uma doença infecciosa ocasionada pela bactéria treponema pallidum que invade o organismo em quatro fases. É transmitida pelo ato sexual e pode ser evitada com o uso de camisinha. Apesar de letal, pode ser curada com um tratamento simples: algumas doses do antibiótico ‘penicilina’, um dos mais baratos medicamentos do gênero. Apenas três injeções de Benzetacil por três semanas promovem a cura total da doença.
Como se manifesta
A sífilis começa com um machucado indolor que pode aparecer na área genital. Fica evidente nos homens, mas pode ficar escondido nas mulheres. Pode aparecer discretamente na garganta ou no ânus. Nesta fase, que pode se estender entre 4 e 8 semanas, o machucado desaparece sem qualquer tratamento.
Na segunda etapa, que ocorre entre três a seis semanas depois da primeira fase, aparecem sintomas iguais aos da gripe, como febre, dor de cabeça e calafrios e os gânglios linfáticos podem inchar. Em duas semanas, ocorre o aparecimento de erupções leves e rosadas na pele e que se tornam ásperas e de cor mais escura depois de alguns dias. Esses nódulos são altamente infecciosos, mas os sintomas desaparecem de novo depois de cerca de quatro meses.
Após a segunda fase, pode ocorrer um período sem qualquer sintoma. Entretanto, o risco de contaminação de outras pessoas persiste. Essa fase pode durar poucos meses ou décadas até que a sífilis ressurge em sua terceira e mais grave etapa.
Na sífilis terciária, a bactéria treponema pallidum já infectou todo o corpo do portador. Surgem lesões, que são as gomas sifilíticas, em várias partes do corpo. Estas bolhas podem romper e destruir a pele, provocando um sangramento perigoso. O risco de morte é evidente e o tratamento deve ser feito por meio de internação hospitalar.
Se a sífilis não for tratada, manifesta-se entre 10 e 20 anos, por inflamação do cérebro, medula espinhal ou outros nervos, que provoca a deterioração mental e demência. Esse último estágio é conhecido por neurosífilis.
Franco
Segundo dados da pesquisa “Panorama da Sífilis no município de Franco da Rocha : uma série histórica”, da gestora em Vigilância Epidemiológica de Franco, Thaís Rivera, de forma geral, o aumento significativo nos números da sífilis se deu a partir de 2012. O registro de aumento foi na casa de 100% naquele ano.
Também cresceram os óbitos fetais e infantis por consequência da doença e há discrepância entre sífilis congênita notificadas em relação ao número de sífilis em gestantes. Tal diferença pode ocorrer em razão dos dados coletados nos sistemas SISLOGLAB E SINAN NET.
No estudo, a gestora Thais credita a alta nos números de contaminações por sífilis a vários fatores:
•Queda no uso de preservativos.
•Falta de penicilina (2015).
•Proibição da aplicação da medicação nas UBS (julho/2015).
•Baixa adesão do parceiro ao tratamento.
Enfrentamento
Em sua pesquisa, a gestora Thais Rivera apresenta um rol de medidas que visam reduzir os números de contaminações em Franco da Rocha. Conheça as propostas:
– Fortalecimento das ações de sensibilização da população sobre a doença com enfoque das práticas preventivas;
– Sensibilização das equipes de saúde municipal sobre a relevância do tema;
– Fortalecimento do pré-natal;
– Definir estratégias para acolhimento e persuasão dos casos resistentes ao tratamento;
– Manter abastecimento/disponibilidade do medicamento;
– Implantar protocolo municipal que permita ao profissional enfermeiro prescrever o tratamento e solicitar exames de seguimento;
– Promoção de ações de educação permanente às equipes de saúde sobre o assunto (protocolo: abordagem, tratamento, condutas);
– Estabelecer parceria com a SAP para seguimento dos bebês notificados e fluxo posterior;
– Instituir mês de combate: Outubro Verde.
(Texto: Adriana Carvalho – Arte: Dalmir Junior)