O Índice de Progresso Social (IPS) 2025 revelou um panorama surpreendente sobre a arborização urbana em São Paulo: as cidades com maior presença de áreas verdes não são necessariamente pequenas ou afastadas dos grandes centros. Franco da Rocha, Valinhos, Itaquaquecetuba, Hortolândia e Jundiaí aparecem entre os dez municípios paulistas com maior cobertura arbórea. Já a cidade de São Paulo ficou apenas na 141ª colocação, com 6,3% de cobertura vegetal.
O ranking tem como base dados de instituições como Imazon, MapBiomas, Fundação Avina, Amazônia 2030 e Social Progress Imperative. O IPS avalia a qualidade de vida em mais de 5.500 cidades brasileiras, utilizando 57 indicadores sociais e ambientais. Em 2025, o índice médio nacional ficou em 61,96 pontos, registrando uma leve queda em relação a 2024 (62,51).
Valinhos lidera, mas outras cidades também avançam
Valinhos se destaca com impressionantes 92,7% das residências cercadas por árvores. A gestão municipal adota uma política ambiental rigorosa, que inclui exigência de laudo técnico para remoção de árvores e incentivo ao plantio de espécies nativas da Mata Atlântica. Segundo o secretário municipal do Verde e da Agricultura, André Reis, o foco é garantir qualidade de vida à população e manter o equilíbrio ecológico.
Outros municípios, como Franco da Rocha e Itaquaquecetuba, também vêm implementando estratégias de expansão da cobertura vegetal urbana, especialmente como forma de mitigar os impactos ambientais das regiões metropolitanas.
Mais do que beleza: uma questão de saúde
Para o botânico Ricardo Cardim, arborizar as cidades vai muito além da estética. “As árvores reduzem a temperatura, aumentam a umidade e ajudam a prevenir fenômenos extremos, como as ilhas de calor. Elas impactam diretamente a saúde física e mental das pessoas”, explica. A vegetação urbana também desempenha papel ecológico fundamental: filtra poluentes, retém partículas de poeira, atrai espécies nativas e contribui para o controle de pragas.
Desigualdade ambiental nas periferias
Apesar dos bons índices nas áreas centrais, cidades como Franco da Rocha e Jundiaí ainda enfrentam desafios em regiões periféricas, onde a escassez de vegetação agrava a exposição a riscos como deslizamentos e extremos climáticos. O levantamento também apontou municípios com baixíssima cobertura vegetal, como Pracinha e Santa Rita d’Oeste, ambos com menos de mil habitantes.
Ferramenta para políticas públicas eficazes
Segundo Melissa Wilm, coordenadora do IPS Brasil, o índice oferece uma visão ampla das desigualdades sociais e ambientais no país. “Ele vai além da análise econômica tradicional e mostra, com clareza, onde as políticas públicas estão dando resultado e onde é preciso agir com urgência.”
Neste ano, o IPS passou a considerar também novos critérios, como o consumo de alimentos ultraprocessados, acesso a benefícios previdenciários, estruturas familiares, vulnerabilidade social e a realidade de pessoas em situação de rua — ampliando o entendimento sobre o progresso social nas cidades.
Os dados de 2025 reforçam que a arborização urbana é um ativo valioso para a qualidade de vida nos municípios paulistas. Ainda assim, o grande desafio é garantir que esse verde se estenda às periferias, reduzindo as desigualdades ambientais e construindo cidades mais resilientes e sustentáveis.