Pela primeira vez, o estado de São Paulo tem uma região que cumpre os requisitos mínimos de capacidade da rede hospitalar e evolução no combate à pandemia para figurar na fase verde do plano de retomada das atividades sociais e econômicas. Trata-se da microrregião Norte da Grande São Paulo, que só não avançou de fase porque em 27 de julho o governo estadual mudou a regra. Desde então, para haver progressão à fase verde, um local precisa permanecer 28 dias na fase amarela.
Fazem parte desta região as cidades de Mairiporã, Franco da Rocha, Cajamar, Francisco Morato e Caieiras.
O Plano São Paulo, programa estadual de retomada, prevê cinco fases: a vermelha é a situação mais preocupante em relação à pandemia do novo coronavírus e impõe mais restrições à população; em seguida aparecem a laranja, a amarela, a verde e a azul. A última fase é para quando o cenário estiver controlado.
A dinâmica do plano prevê possibilidade quinzenal de evolução do enquadramento de cada região. Na atualização de 7 de agosto, a microrregião Norte da Grande São Paulo foi classificada como laranja, que é considerada uma etapa de “controle”. Ontem, os resultados dos cinco itens avaliados eram suficientes para fase verde, considerada de “abertura parcial”.
Como há um mecanismo no plano de retomada que impede pular a fase amarela, estas cinco cidades ficaram nesta fase, considerada de flexibilização. A explicação para esta espécie de “pedágio” de 28 dias é evitar um efeito ioiô. A fase verde permite maior lotação em estabelecimentos. Um exemplo são os shoppings que podem ter 60% de sua capacidade, diante de 40% na fase amarela.
Ocorre que a preocupação de ter que regredir logo na sequência levou à cautela do estado. Ir e voltar poderia afetar a credibilidade do programa de retomada e também diminuiria a previsibilidade das ações, algo que o governo sempre se preocupou.
Prefeitos comemoram avanço, mas reclamam de critério regional.
Prefeitos da região comemoraram a possível mudança de fase, mas reclamaram dos critérios de divisão entre a capital e as áreas da Região Metropolitana dado o fluxo entre os moradores. A capital paulista avançou para a fase amarela em 26 de junho, quase dois meses antes que a microrregião Norte.
“A gente sempre teve uma opinião crítica da divisão em sub-regiões porque a Grande São Paulo tem uma só dinâmica, as reações [nas cidades] são as mesmas. É injusto colocar a capital, que é o vetor de geração de renda da região, na fase amarela, como aconteceu, e as demais, não”, afirma Kiko Celeguim (PT), prefeito de Franco da Rocha.
Agora, diz ele, a “justiça” foi feita. “Todos os índices estão controlados. Na última sexta [14], começamos a desativar o hospital de campanha por não haver mais necessidade”, afirmou Celeguim. Atualmente, a cidade tem índice de ocupação de UTIs inferior a 20%, de acordo com ele.
Para Danilo Joan (PSD), de Cajamar, a cidade e a região já poderiam estar na fase verde, mas a proximidade e o fluxo com a capital dificultam as medidas e, por isso, “não faz sentido” que estejam divididos em regiões diferentes.
“Quando liberaram a capital para o amarelo e mantiveram a gente no laranja, quis saber [do governo estadual] qual é a ciência. Porque 20% da minha população trabalha em São Paulo. Eles podiam trabalhar, mas o resto, aqui, não? Só que estes traziam o vírus para circular do mesmo jeito”, afirmou o prefeito.
Com apenas um paciente em estado grave e oito leitos de UTI ocupados, ele diz ver tranquilidade na passagem para a fase verde. “Se fosse Cajamar sozinha já estaríamos na verde, com certeza. Mas pela região… Agora, deve chegar”, afirma Joan.
Matéria: UOL