O governo do Estado de São Paulo iniciou a fase de testes de uma ferramenta de inteligência artificial (IA) para apoiar a correção de lições de casa dos estudantes da rede estadual. A proposta, segundo a Secretaria da Educação, é utilizar a tecnologia como assistente de correção, sem substituir a atuação dos professores.
Neste primeiro momento, a iniciativa será aplicada a cerca de 5% das atividades respondidas na plataforma TarefaSP por alunos do 8º ano do ensino fundamental e da 1ª série do ensino médio. A avaliação das respostas, que serão exclusivamente dissertativas, não terá impacto nas notas dos estudantes durante o período experimental.
“A gente está testando, é um volume pequeno. São cerca de 5% dos exercícios”, explicou o secretário estadual da Educação, Renato Feder. Ele reforçou que, ao contrário do que ocorre na correção de redações — sempre revisadas pelos professores —, no caso das lições de casa, a IA fará o retorno direto aos alunos.
A TarefaSP, lançada em 2023, é a plataforma digital por meio da qual os estudantes do 6º ano do ensino fundamental em diante recebem, resolvem e acompanham tarefas escolares. Com a nova funcionalidade, o retorno às questões dissertativas passará a ser imediato.
O sistema funciona comparando a resposta do aluno com a resolução ideal, definida por especialistas da Secretaria da Educação. A IA classifica a resposta como correta, parcialmente correta ou incorreta, e oferece uma explicação breve sobre o resultado. Os alunos, por sua vez, poderão avaliar o comentário fornecido.
As disciplinas incluídas no projeto são língua portuguesa, matemática, ciências, química, física, geografia e história.
Especialistas, no entanto, pedem cautela. Para Claudia Costin, ex-diretora global de educação do Banco Mundial, o uso da IA na educação básica deve ser cuidadosamente monitorado. “É um instrumento. Ele pode ser bem ou mal usado. Se não usar de uma maneira ética, teremos problemas”, alertou. Ela reforça ainda a importância do acompanhamento de pais e professores para garantir que os resultados sejam, de fato, positivos.
O governo estadual informou que ainda não há prazo para conclusão do projeto-piloto. Os testes serão mantidos nos próximos meses para que as escolas possam avaliar os impactos da ferramenta no processo de ensino e aprendizagem.