A futura sede administrativa do governo paulista, planejada para o bairro Campos Elíseos, na região central de São Paulo, terá um custo total de R$ 4,7 bilhões, valor a ser pago ao longo de 30 anos ao concessionário vencedor da licitação. O projeto, anunciado pela gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), busca concentrar a maior parte das secretarias e órgãos estaduais em uma área de 250 mil m², próxima à praça Princesa Isabel, envolvendo mais de 20 mil servidores públicos.
Custo e modelo de concessão
O estado investirá R$ 2,2 bilhões diretamente nas obras, além de R$ 7,2 bilhões para manutenção ao longo do contrato. O projeto prevê também um investimento de R$ 825,7 milhões para desapropriações, que incluem a realocação de 600 famílias de baixa renda que atualmente vivem em cortiços e ocupações na área.
Impacto social e habitacional
A realocação das famílias será feita a partir de 2026, com empreendimentos habitacionais planejados num raio de até 1 quilômetro da nova sede. O governo promete priorizar as famílias nos programas habitacionais da CDHU, oferecendo subsídios e aluguel social até a entrega dos imóveis. No entanto, não haverá gratuidade, segundo o secretário de Projetos Estratégicos, Guilherme Afif Domingos.
Além disso, imóveis tombados e um prédio de habitação de interesse social da Cohab serão preservados. Outras desapropriações na área serão realizadas pela empresa vencedora do leilão, que oferecerá indenizações.
Desafios urbanos e segurança pública
A região do entorno enfrenta problemas históricos, incluindo insegurança e questões sociais agravadas pela proximidade com a cracolândia. Em março de 2022, a praça Princesa Isabel tornou-se um ponto de concentração de dependentes químicos após a dispersão da cracolândia da praça Júlio Prestes.
Concentrar secretarias estaduais em Campos Elíseos é uma aposta da gestão Tarcísio para requalificar a área e reduzir os problemas sociais. No entanto, urbanistas criticaram a falta de participação popular no planejamento e alertaram sobre o risco de marginalização das famílias realocadas.
Consulta pública e próximos passos
A consulta pública do contrato foi aberta nesta sexta-feira (24), dando início ao processo de licitação. A previsão é que as obras e os impactos sociais comecem nos próximos anos, com a expectativa de transformar o centro da capital em um polo administrativo e econômico do estado.